segunda-feira, 2 de junho de 2008


Passando o Vau do Jaboque

E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres,
e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque.

E tomou-os, e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
Jacob, porém, ficou só... (Gn 32:22-24a)


No caminho da benção Jacó teve de tomar mais uma de tantas decisões importantes e necessária para poder receber a vitória em Deus. O Texto diz que Jacó, ansiosamente (isto é, na mesma noite), toma toda sua família e com eles atravessa o vau de Jaboque.
Jaboque é mais um dos rios que compõem a bacia hidrográfica da Palestina. E como nos demais rios é possível encontrar um lugar onde o nível de água é menos volumoso que nos demais pontos. A esse nível raso de água dá-se o nome de vau, que nada mais é do que um lugar onde se pode atravessar tranquilamente o rio a pé.
Jacó então, encontrando esse lugar faz com que sua família passe por ele. Muitas vezes as águas dos problemas, dificuldades, dívidas e atropelos conjugais tem impedido que atravessemos para a outra margem com segurança onde encontra-se a solução das diversas dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia.
O importante é sabermos procurar com paciência e perseverança pelos “vaus” que nos permitem chegar ao outro lado da situação. Os “vaus” de nossas vidas apontam para a existência de uma saída. Pois por maior que seja a pressão, a crise, ou o desespero sempre há um momento em que as águas baixam e podemos passar pelos rios indesejáveis que querem nos impedir de avançar.
Ao passar o vau e deixar sua família na outra margem Jacó acaba por ficar só. E era justamente disso que ele precisava para ter uma experiência literalmente marcante com Deus. Ele precisava ficar a sós com Deus.
No transcorrer de sua jornada Jacó teve pelo menos duas oportunidades de ficar a sós com Deus. Uma quando ia em direção a Padã-Harã, e ao passar por Betel adormece solitariamente no ermo e tem um sonho onde, em visão, os anjos sobem e descem por uma escada cujo topo esbarra no céu.
A segunda oportunidade de ficar a sós com Deus é justamente nesse momento em que envia a sua família, ficando ele sozinho na outra margem do rio Jaboque. E é então nessa hora que sua vida é totalmente transformada pelo poder da glória de Deus, tendo não somente seu nome mudado, mas principalmente o seu caráter.
Quantas vezes nossa atitude tem sido o inversa da tomada por Jacó. Em vez de buscarmos Deus na solidão do nosso quarto, longe das perturbações corriqueiras que nos cercam durante o dia, preferimos nos concentrar na multidão de vozes que gritam em nosso coração. A voz do desespero financeiro, da preocupação com o negativo diagnóstico médico, da falta de emprego, da crise conjugal...
Jesus em determinado momento, ensinando acerca da oração nos disse: “você porém quando orar entra no teu quarto (fica sozinho), e ora em secreto, pois o teu Pai que vê em secreto... O interessante é que a palavra “secreto” usada por Jesus no idioma original é a mesma utilizada para o santíssimo lugar. Isso quer dizer que quando estamos sozinhos com Deus o sagrado invade nossa vida, e podemos com ousadia adentrar o santo dos santos.
Quantas pessoas perdem oportunidades maravilhosas de serem abençoadas mediante a ministração da palavra, ou em um momento de leitura bíblica por perder a concentração no que está ouvindo ou lendo. Perdem a sintonia com o trono de Deus. Começam a pensam no marido alcoólatra, no filho rebelde, na esposa tola e por fim enveredam por pensamentos e flashes de pensamentos que as tornam totalmente insensíveis ao mover de Deus.
Muitas vezes encontro pessoas que me dizem: “Pastor eu passei por você em um determinado lugar e você nem sequer me cumprimentou”. Certa vez eu passei pelo meu próprio pai na rua e não o percebi. Isso acontece quando estamos absortos em nossos próprios pensamentos. Quando estamos na companhia das preocupações, das reflexões introspectivas e tagarelas que ensurdecem o nosso coração para as demais situações que nos rodeiam.
De igual modo quando entramos na presença de Deus acompanhados por tais preocupações nos tornamos insensíveis a sua presença, não sentimos a sua shekina. Aliás esse termo judaico quer dizer literalmente “morar com”, sendo assim, em tom mais claro, já não sentimos Deus morando em nós mediante o seu Espírito.
Tome isso como princípio de vitória para sua vida. Silencie todas as vozes, deixando tudo na outra margem, além do Jaboque. Fique a sós com Deus, e somente então ele se revelará a você face a face.
Fica aqui a indagação, já não seria o momento de você também “passar o vau de Jaboque”?

“E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” (v. 30).

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